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CHACRINHA O MUSICAL

A Peça

Com texto de Pedro Bial e Rodrigo Nogueira e direção musical e arranjos de Delia Fischer, a superprodução da Aventura Entretenimento é protagonizada por Stepan Nercessian e Leo Bahia, que vivem o apresentador em fases distintas. Gringo Cardia assina a cenografia que vai remeter ao lendário Cassino do Chacrinha.

A trilha sonora reúne mais de 60 sucessos da música nacional.

Maior comunicador do rádio e da TV brasileira, Abelardo Barbosa costumava dizer que “Na televisão nada se cria, tudo se copia”. Paradoxalmente, não teve ninguém até hoje que conseguiu copiar a espontaneidade do Velho Guerreiro. Comandante de extravagantes concursos de calouros, responsável por revelar grandes nomes da música nacional e inventor de bordões infames, o apresentador agora é homenageado em ‘Chacrinha, o musical’, que estreia dia 27 de março, no Teatro Alfa, após uma temporada de sucesso no Rio. Com orçamento de R$ 12 milhões, a montagem é assinada pela Aventura Entretenimento, maior produtora de musicais do país. Com texto de Pedro Bial e Rodrigo Nogueira, o espetáculo marca a primeira direção teatral de Andrucha Waddington e o fim da trilogia Uma Aventura Brasileira, iniciada por ‘Elis, A musical’ (em sua segunda temporada carioca) e ‘Se eu fosse você, o musical’ (em cartaz em São Paulo). Com apresentação do Bradesco Seguros, Chacrinha, o musical tem patrocínio de EMS, Multiplus, Raízen e Sem Parar.

O espetáculo acompanha a trajetória do apresentador desde sua infância em Surubim, Pernambuco, até o auge da carreira na TV Globo, comandando o programa de auditório “Cassino do Chacrinha”, com espaço para as rebolativas chacretes, os trocadilhos infames, buzinadas e troféu abacaxi. Dois atores dão vida ao protagonista: Stepan Nercessian interpreta o Chacrinha consagrado no rádio e na TV, enquanto Leo Bahia incorpora o jovem Abelardo Barbosa. Aos 60 anos, Nercessian volta aos palcos depois de mais de 10 anos sem trabalhar no teatro. “Eu sempre disse que só voltaria se fosse para participar de um projeto muito especial. É uma atividade que requer muita dedicação, esforço e disciplina. Falei desde o início que não sou um imitador. Vou criar o meu personagem através da emoção que ele me provocar”, explica Stepan. Revelação no espetáculo universitário ‘The Book of Mormon’, Leo Bahia, de 23 anos, foi escolhido durante as audições que reuniram mais de 400 atores no total. “O Chacrinha permanece vivo, mesmo para a geração que não acompanhou sua carreira. Ele representa grande parte da história da televisão brasileira”, avalia Leo. Completam o elenco 22 atores-cantores-bailarinos, que dão vida a familiares do Velho Guerreiro e personalidades que fizeram parte da vida do apresentador como Boni (Saulo Rodrigues) e Elke Maravilha (Mariana Gallindo).

O diretor Andrucha Waddington faz sua estreia na atividade teatral depois de quase três décadas de carreira dedicada à produção cinematográfica. “O importante para mim neste trabalho é fazer um musical que saia da caixa, seja algo novo. Só assim conseguiremos honrar o espírito do Chacrinha. Vou dirigir como se fosse um filme, que é a atividade com a qual estou acostumado. Mas ambos os trabalhos partem do mesmo ponto fundamental, que é a dramaturgia”, explica o diretor.

‘Chacrinha, o musical’ é a terceira produção da primeira trilogia Uma Aventura Brasileira, comandada pelos sócios da Aventura Entretenimento Aniela Jordan, Fernando Campos e Luiz Calainho, que reúne espetáculos 100% nacionais em parceria com uns dos mais competentes autores e diretores do país. Depois de ‘Elis, A musical’ (com direção de Dennis Carvalho) e ‘Se eu Fosse Você, o musical’ (com supervisão geral de Daniel Filho), o jornalista Pedro Bial e o cineasta Andrucha Waddington foram convidados para levarem novas ideias ao gênero musical. “A Aventura Entretenimento quer diversificar suas produções, e um caminho para isso é convidar para os projetos profissionais bem-sucedidos em outras áreas, que possam pôr em prática propostas inovadoras e fazer com que a gente não siga uma fórmula. Outras trilogias virão”, conta Aniela Jordan.

A primeira trilogia Uma Aventura Brasileira contribuiu para o crescimento dos musicais nacionais genuínos, depois do sucesso alcançado por adaptações de clássicos da Broadway no país. “Estamos fazendo história no teatro musical. No Brasil, há uma capacidade criativa gigante. O que falta no país é uma boa gestão. E a Aventura, assim como outras grandes empresas, tem procurado implementar a gestão de alto nível. Se Chacrinha fosse vivo, ele continuaria a estar à frente do tempo dele. Então, temos o privilégio, o prazer e a honra de colocar esse espetáculo de pé em um momento em que os musicais brasileiros estão tão fortalecidos”, celebra Luiz Calainho, empresário, sócio da Aventura Entretenimento.

A trama

O jornalista Pedro Bial foi responsável pelo primeiro tratamento do texto, a partir de extensa pesquisa de Carla Siqueira. A trama é dividida em dois atos, com espaço para episódios biográficos e momentos líricos e fantasiosos. A infância difícil com a falência do pai, o ingresso no rádio e revolução que ele promoveu na televisão brasileira são temas presentes, assim como momentos em que são revelados sua bipolaridade, autoritarismo e obsessão pelos números de audiência. “Responder a pergunta: ‘por que Chacrinha?’ é difícil. Temos que perguntar: ‘Como Chacrinha?’ . ‘Como o Abelardo inventou o Chacrinha?’ ,’Como esse sujeito inaugurou no Brasil e no mundo a comunicação de massas?’, ‘Como esse cara inventou o primeiro palhaço da televisão?’, ‘De onde ele tirou isso?’. A gente se pergunta e vai atrás das respostas durante o espetáculo”, descreve Bial. O dramaturgo Rodrigo Nogueira frisa o lado teatral que sempre marcou a carreira do apresentador. “Acho que o Chacrinha é uma das pessoas mais teatrais que eu já conheci. Ele conseguiu levar a profanação para a televisão, um ambiente que até então era careta e regido por fórmulas. O que a gente quer fazer é pegar toda essa liberdade e excentricidade e jogá-las de volta ao teatro. O público vai ter a oportunidade de viver a experiência que tinha quando assistia aos seus programas”, detalha Rodrigo.

A trilha sonora é composta por mais de 60 canções (com medleys) consagradas na história da música nacional. Muitos desses sucessos fizeram parte do repertório do Cassino do Chacrinha e dos artistas que o comunicador ajudou a consagrar, como ‘O meu sangue ferve por você’ (Sidnei Magal), ‘O amor e o poder’ (eternizada por Rosana), ‘Tente outra vez’ (Raul Seixas), ‘Televisão’ (Titãs) e ‘Fogo e Paixão’ (Wando). “O espetáculo reúne músicas desde o fim dos anos 30 até meados dos 80, apresentadas nos últimos programas. Entre os musicais em que trabalhei, este é o que reúne canções com comunicação mais imediata da plateia. São obras bem populares, mas que os espectadores terão oportunidade de escutar de uma outra forma. Muitas são consideradas bregas, mas são belíssimas”, conta a diretora musical Delia Fischer. Os atores são acompanhados por uma banda de nove músicos.

Também fazem parte da equipe criativa o diretor de movimento Alonso Barros (Diretor e coreógrafo de ‘Se eu fosse você, o musical’, em cartaz em São Paulo), Gringo Cardia (Direção de arte e cenografia), Carlos Esteves (Desenho de som), Claudia Kopke (Figurinista), Paulo César Medeiros (Desenho de luz) e Marcela Altberg (Produção de elenco).

Ficha Técnica

Atores:

STEPAN NERCESSIAN como velho Guerreiro.
LEO BAHIA como Abelardo Barbosa.

Elenco:

BETO VANDESTEEN
Diretor, Antônio Medeiros (Pai), Titãs, Paulo Montenegro, Delegado
CHRIS PENNA
Cangaceiro, Mário Reis, Titãs, Fábio Júnior, Aracy de Almeida, Leleco Barbosa, Caetano Veloso
DIEGO CAMPAGNOLLI
Cangaceiro, China, Dercy Gonçalves, Russo, Jornalista, Jaguar, Censora
ERIKA RIBA
Noiva, Florinda Barbosa (fase 2), Clara Nunes, Chacrete (Cléo Toda Pura)
GABRIEL LEONE
Boi, Fernando Lobo, Roger (Ultraje a rigor), Roberto Carlos, Novos Baianos
LAURA CAROLINAH
Pastora, Gringa, Rosana, Wilza Carla, Baby Consuelo, Chacrete (Fernanda Terremoto)
LEILANE TELES
Pastora, Nega do cordel, Casal da valsa, Caloura, Seu Sete da Lira, Chacrete (Índia Potira)
LÍVIA DABARIAN
Pastora, Mulher-pássaro, Moça do suéter, Chacrete (Rita Cadillac)
LUÍZA LAPA
Pastora, Carmen Miranda, Elba Ramalho, Maninha, Chacrete (Sarita Catatau)
MARIANA GALLINDO
Mulher do cabelo grande, Casal da valsa, Elke Maravilha
MATEUS RIBEIRO
Cachorro, Antônio Maria, Titãs, Pedro de Lara, Nanato Barbosa, Policial
MILTON FILHO
Homem do berrante, Crooner, Orlando Silva, Titãs, Padre, Coronel Paiva Chaves, Novos Baianos, Policial
PATRICK AMSTALDEN
Mágico, Fritz, Ritchie, Jorge Barbosa
PAULA SANDRONI
Aurélia Barbosa (Mãe), Chacrete (Gracinha Copacabana)
PAULO DE MELO
Cachorro, Casal da valsa, Souza Barros, Gonzaguinha, Psicanalista, Novos Baianos
PEDRO HENRIQUE LOPES
Boi, Oficial, Titãs, Benito de Paula, Jece Valadão, Psiquiatra, Novos Baianos
RENAN MATTOS
Homem da viola, Casal da valsa, Sidney Magal, Gringo, Ney Matogrosso, Tarso de Castro
SAULO RODRIGUES
Padre/Diabo, Boni, Dorival Caymmi
STEPHANIE SERRAT
Pastora, Florinda Barbosa (fase 1), Wanderléa, Chacrete (Loura Sinistra)
TADEU FREITAS
Guarda, Calouro, Ultraje a rigor, Novos Baianos, Prefeito
NATACHA TRAVASSOS
Swing feminino
RODRIGO MORURA
Swing masculino

Chacretes:

CAROLINA FRANÇA
DEBORA POLISTCHUCK
FABIANA GOIS
FABIANA SALABERT
FERNANDA COSTA
GABRIELLA ZECCHINELLI
IURI SOARES DE FREITAS
LAURA BRAGA
LIDIANE DE PAIVA MOREIRA
MARIANA GOMES MENDES DA CUNHA
PAOLA POLINY
TAISA MIGUEL BACHUR

Músicos:

CLAUDIA ELIZEU
Pianista regente e Teclado
RAFAEL MAIA
Bateria e Percussão
MATIAS CORRÊA
Baixo
ANDRÉ DANTAS
Guitarra, Violão e Cavaquinho
LEVI CHAVES
Saxofone alto, Flauta e Clarinete
ELIAS CORRÊA
Trombone
THAIS FERREIRA
Violoncelo
CLARA SANTOS
Violino
CHRISTIAN BIZZOTTO
Teclados e Acordeão

AGENDA:

27 DE MARÇO A 26 DE JULHO

Quintas feiras: 21h

Sextas-feiras: 21h30

Sábados: 16h e 20h

Domingos: 19h

Site: Teatro Alfa

Programa BASTIDORES (Multishow) – Especial CHACRINHA, o musical (Rio de Janeiro)

Chacrinha

Infância

Nasceu em Surubim, Pernambuco, e aos 10 anos de idade mudou-se com a família para Campina Grande, na Paraíba. Aos 17, foi estudar em Recife, capital pernambucana. Começou a cursar faculdade de Medicina em 1936 e em 1937 teve o seu primeiro contato com o rádio na rádio Clube de Pernambuco, ao dar uma palestra sobre alcoolismo. Chacrinha, apesar de sucessivas crises financeiras na família, teve uma infância tranquila.

Início da Carreira

Em Recife, ponto de chegada, Chacrinha prosseguiu seus estudos e todos os caminhos pareciam indicar a Faculdade de Medicina para o jovem Abelardo. Não pretendendo passar um ano inteiro no quartel, falsificou a data de nascimento na cédula de identidade e acabou ingressando no Tiro de Guerra. Após esta experiência, foi tocar bateria. Dois anos depois de começar seus estudos de medicina, em 1938, caiu nas mãos de colegas já formados que o salvaram de uma apendicite supurada e gangrenada. Ainda convalescente da delicada cirurgia, ele, como percussionista do grupo Bando Acadêmico, decidiu aos 21 anos, viajar, como músico no navio Bagé rumo à Alemanha. Porém, naquele dia estourou a Segunda Guerra Mundial que agitava o mundo em 1939 o fizeram desembarcar na então capital federal, o Rio de Janeiro onde se tornou locutor na Rádio Tupi. Em 1943, lançou na Rádio Fluminense um programa de músicas de Carnaval chamado Rei Momo na Chacrinha, que fez muito sucesso. Passou então a ser conhecido como Abelardo “Chacrinha” Barbosa. Nos anos 1950 comandaria o programa Cassino do Chacrinha, no qual lançou vários sucessos da música brasileira como Estúpido Cupido, de Celly Campelo, e Coração de Luto, do artista gaúcho Teixeirinha. E, no Cassino do Chacrinha, ele fingia, com sons e ruídos, que lá aconteciam enormes festas e lançamentos.

Carreira Televisiva

Em 1956 estreou na televisão com o programa Rancho Alegre, na TV Tupi, na qual começou a fazer também a Discoteca do Chacrinha. Em seguida foi para a TV Rio e, em 1967, foi contratado pela Rede Globo. Chegou a fazer dois programas semanais: Buzina do Chacrinha (no qual apresentava calouros, distribuía abacaxis e perguntava “-Vai para o trono, ou não vai?”) e Discoteca do Chacrinha. Cinco anos depois voltou para a Tupi. Em 1978 transferiu-se para a TV Bandeirantes e, em 1982, retornou à Globo, onde ocorreu a fusão de seus dois programas num só, o Cassino do Chacrinha, que fez grande sucesso nas tardes de sábado.

Frases e Bordões

Uma frase sua que era muito citada afirmava que “Na televisão nada se cria, tudo se copia”.

Alcançou grande popularidade com os seus programas de calouros, nos quais apresentava-se com roupas engraçadas e espalhafatosas, acionando uma buzina de mão para desclassificar os calouros e empregando um humor debochado, utilizando bordões e expressões que se tornariam populares, como “Teresinha!”, “Vocês querem bacalhau?”, “Eu vim para confundir, não para explicar!” e “Quem não se comunica, se trumbica!”.

Jurados e as “Chacretes”

Os jurados ajudavam a criar o clima de farsa, no qual se destacaram Carlos Imperial, Aracy de Almeida, Rogéria, Elke Maravilha e Pedro de Lara, dentre muitos outros. Outro elemento para o sucesso dos programas para TV eram as chacretes – dançarinas profissionais de palco, que faziam coreografias para acompanhar as músicas e animar o programa. No início eram conhecidas como as “vitaminas do Chacrinha”. Além da coreografia ensaiada, as dançarinas recebiam nomes exóticos e chamativos como Rita Cadillac, Índia Amazonense, Fátima Boa Viagem, Suely Pingo de Ouro, Fernanda Terremoto, Cristina Azul, entre outras.

Cinema

Chacrinha apareceu em filmes brasileiros dos anos 1960 e 1970, geralmente interpretando ele mesmo. No filme Na Onda do Iê-iê-iê, de 1966, ele encena seu programa de calouros “A Hora da Buzina”, exibido na TV Excelsior. Dentre os calouros, estavam Paulo Sérgio (como ele mesmo) e Silvio César (que interpretava o personagem César Silva). Chacrinha diz diversos de seus bordões: “Vai para o trono ou não vai?”, “Como vai, vai bem? Veio a pé ou veio de trem?”, “Cheguei, baixei, saravei”. Há também outras frases engraçadas, quando ele diz que “Graças a Deus o programa acabou”.

Carnaval e Morte

Anualmente, lançava em seu programa uma marchinha para o Carnaval. Conhecido como Velho Guerreiro, em 1987 foi homenageado pela Escola de Samba carioca Império Serrano com o enredo “Com a boca no mundo – Quem não se comunica se trumbica”, foi a única vez que desfilou numa escola de samba, surgiu no último carro alegórico, que reproduzia o cenário de seu programa, rodeado de chacretes, de Russo (seu assistente de palco) e Elke Maravilha.Em outubro de 1987 recebeu, dos professores Annita Gorodicht e Paulo Alonso, o título de “doutor honoris causa” da Faculdade da Cidade, no Rio. Seu aniversário de 70 anos foi comemorado em setembro de 1987 com um jantar oferecido em sua homenagem pelo então Presidente da República, José Sarney.

Durante o ano de 1988, já doente, foi substituído em alguns programas por Paulo Silvino. Ao voltar à cena, no mês de junho, comandou a atração com João Kléber, até que pudesse se sentir forte novamente. Faleceu no dia 30 de junho de 1988, às 23h30, de infarto do miocárdio e insuficiência respiratória (tinha câncer no pulmão) aos 70 anos. O último programa Cassino do Chacrinha foi ao ar em 2 de julho de 1988.

Curiosidades

Quando o bacalhau encalhou nas Casas da Banha, seu patrocinador na TV Tupi, Chacrinha arrumou um jeito de reverter a situação. Durante o programa, virava-se para o auditório: “Vocês querem bacalhau?”, e atirava o peixe para o auditório, onde a plateia disputava a tapa o produto. As vendas explodiram e ele explicou: “Brasileiro adora ganhar um presentinho.”. Chacrinha era um dos mais ilustres e notórios torcedores do Vasco da Gama, chegando a se apresentar em seu programa com a camisa do Vasco ou um quepe estilizado com o escudo do clube. O termo “terezinha” não era homenagem a nenhuma Tereza, surgiu em substituição ao antigo patrocínio de água sanitária Clarinha que possuia uma sonora igual.